ainda não me recuperei destes livros. fazia muito tempo que isso não acontecia, inclusive. a loucura é tanta que nem vou tentar organizar as ideias de forma muito cronológica, porque sei que não conseguirei.
comecei os livros na penúltima quarta de abril, e os terminei na terça seguinte, com um final de semana em Fortaleza no meio. foram os primeiros livros que resolvi pegar, depois de ter ficado tanto tempo em função do último concurso (onde ganhei experiência e raiva, mas assim é a vida).
naturalmente, o tema me atrai muito, sou aficionada por distopias. acredito que, entre a realidade e a ficção há uma linha, tênue e difícil de se estabelecer, onde elas, as distopias, moram. e precisam ser críveis, independente de quão fantásticas sejam.
o primeiro livro, Divergente, me apresentou a um mundo dividido em 5 facções (Abnegação, Amizade, Audácia, Erudição e Franqueza), cada uma delas com um papel fundamental e diferente para o (bom) andamento do mundo.
admito que achei o plot meio fraco, mas devorei o primeiro livro absurdamente rápido, curiosa e desconfiada. também admito que depois de algumas experiências meio traumáticas relativamente recentes, fiquei com receio de que a autora não desse conta do que havia se proposto.
comecei o segundo livro nessa vibe de "não quero me apaixonar", mas já tava arriada os 4 pneus e o estepe (eu sou uma viadinha, sei disso)!
um ponto recorrente na história de Tris, narrada por ela mesma e com a sua visão de mundo, é o questionamento constante sobre as suas próprias escolhas e seus medos. e, ainda que pareça uma temática de terapia, a relação da protagonista com os seus medos pode soar comum, mas, nesta história, ela é bem mais aprofundada.
eu estava no avião, sem conseguir desligar o kobo um segundo, quando começou uma turbulência from hell. o cara que tava na minha frente começou a se benzer, uma senhora do outro lado começou a audivelmente rezar, e, no meio de toda uma discussão no livro sobre medos (legítimos ou não) e como enfrentá-los (ou conviver com eles), eu quase quebrei.
não que eu tenha medo de avião, mas minha mãe tem. e essa era uma das raríssimas viagens em que estávamos no mesmo voo, ambas indo pra terrinha, para o aniversário do meu sobrinho. ela estava na parte da frente do avião, e eu no fundão, como de praxe.
me deu uma vontade de me levantar e de ir até ela, pra que ela não se apavorasse, mas o que eu podia fazer? e o que eu podia fazer para tranquilizá-la, se eu já estava ficando também com medo? crianças choravam alto, a mulher voltava à sua novena, e o voo ainda demorou para se estabilizar, ainda com turbulências eventuais.
nesse momento, 357 epifanias pularam na minha cabeça, e eu fiquei pensando no que podia fazer, caso me fosse dada a oportunidade de sobreviver àquele voo. hoje, duas semanas depois, posso parafrasear Parmênides e dizer que nem era o mesmo céu e nem eu a mesma mulher, a voltar dois dias depois.
quando finalmente descemos, fui falar com a minha mãe, saber como ela havia passado por toda aquela celeuma, e ela me devolve: "que turbulência? que horas? não vi nada, dormi o voo inteiro!"... eu morrendo por dentro e ela nem aí? peloamorde!
voltando ao livro, não consegui parar de lê-lo, mesmo estando só o resto. terminei o segundo no sábado, mas só pude ler o terceiro como deveria quando voltei pra brasólia.
devorei o último livro com ainda mais desconfiança, porque eu já sabia que a autora não daria ponto sem nó. apesar de, em alguns momentos, achar que o livro tinha se reduzido a "too much snogging", percebe-se que não há palavras desperdiçadas.
então o livro acabou e eu me senti irremediavelmente despedaçada, como há muito não me sentia. feliz, por ter passado por toda aquela história com personagens que eu conheci melhor até do que conheço algumas pessoas da minha família, mas com um vazio de saudades.
vou tentar ver o filme em breve, para ver se me ajuda a superar esta separação (aloka!)