quarta-feira, 9 de abril de 2014

L08 - Orgulho e Preconceito

sei que sou uma viadinha que gosta de histórias de amor, mas também gosto ainda mais de ter a minha inteligência respeitada, e eis o motivo por eu adorar Orgulho e Preconceito.

o filme eu já devo ter visto trocentas vezes, graças à tv por assinatura, que o reprisa ad infinitum, e ao maravilhoso Mr. Darcy (aaaaaaaaai, papaaaaai!).

mas hoje eu vim falar do livro, publicado no começo do século 19, por Jane Austen (que o havia escrito aos 20 anos).

foi um exercício interessantíssimo ler as ideias de uma mulher tão jovem, escritas em uma época em que mulheres eram "feitas" para se tornarem esposas, mães, mas nunca para exercerem atividades tidas, à época, como exclusivamente masculinas, como a produção literária.

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me lembrei agora da defesa que uma colega fez na faculdade, explicando que as revistas femininas tinham menos páginas de matérias (e mais propagandas) porque eram voltadas para mulheres intelectualmente ativas (sic), que podiam lê-las mais rápido (!!!)
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voltando à trama, a protagonista, Elizabeth (Lizzy) Bennet é a segunda de cinco irmãs, não é ingênua como a primogênita, nem deslumbrada e fútil como as duas mais novas. Lizzy é crítica, espirituosa e leal à própria família, apesar de ter consciência de que a mãe é uma completa desmiolada e o pai é omisso.

a rotina da cidade onde moram muda com a chegada de um cavalheiro rico com a sua família, Mr. Bingley, e de seu amigo, Mr. Darcy (ainda mais rico). a partir de então, Darcy e Lizzy se encontram e se reencontram, meio a equívocos e gestalts forçadamente fechadas, onde talvez a moral da história seja "cuidado com julgamentos precipitados".

a escrita em alguns pontos é meio confusa, mas a essência não se perde: por baixo da relação entre os dois, há critica, muitas vezes mordaz, sobre o estilo da sociedade naquela época e seus valores.

pela boca da personagem, a autora questiona a instituição do casamento, a relação entre irmãos, os direitos que os mais velhos (e abastados) julgavam ter para decidir a vida dos que estavam ao seu redor e que deles, de alguma forma, dependiam...

mas o que mais me chamou a atenção foram os momentos em que as irmãs ficaram extremamente surpresas que um dos personagens, tido por elas como muito bonito e educado, pudesse ser mau-caráter (para elas, era inconcebível que uma bela figura não tivesse sentimentos e ações igualmente belos).

esse tipo de nuance se perde no filme, que dá um enfoque bem maior ao romance propriamente dito do que à construção e desconstrução dos protagonistas.

mas continuarei a ver o filme sempre que tiver que precisar esperar para ganhar mais vidas no candy crush, por motivos de quem nunca?:

status: vim a óbito!

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